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Para uma melhor compreensão do presente

Paróquias da Graça e Paróquia de São Vicente de Fora

De acordo com a doutrina conciliar, define a paróquia como “uma determinada comunidade de fiéis, constituída estavelmente numa Igreja particular, cuja cura pastoral, soba autoridade do Bispo diocesano, está confiada ao pároco como seu pastor próprio (c. 515 § 1). O elemento fundamental e constitutivo da paróquia é, por conseguinte, de carácter pessoal: “communitas christifidelium” – “comunidade de fiéis” convocada pela Palavra de Deus e pelos sacramentos, em especial pelo sacramento da Eucaristia, é uma porção do novo Povo de Deus.
É uma comunidade de fiéis, embora não seja a única. Na paróquia estão presentes os elementos essenciais da Igreja de Cristo: o anúncio da Palavra de Deus, a celebração da Eucaristia, e os demais sacramentos, a comunhão do Espírito Santo, o ministério ordenado, a oração, o serviço da caridade, etc. A Paróquia é verdadeiramente Igreja: comunidade de fé, de celebração, de caridade e de presença missionária na sociedade e no mundo (LG 28, SC 42; PO 5-6; AG 15).
Trata-se de uma instituição eclesial insubstituível mas, ao mesmo tempo, insuficiente. Insubstituível porque é através dela que a maioria das pessoas entra em contacto com a Igreja; Insuficiente porque não é capaz, por si só, de realizar a missão evangelizadora, se não estiver em comunhão com a Igreja particular e convenientemente integrada na zona pastoral e na vigararia, revitalizada e potenciada com os movimentos apostólicos e com as pequenas comunidades.
Cabe exclusivamente ao Bispo diocesano erigir, suprimir ou alterar as paróquias, o que não acontecerá sem antes ouvir o Conselho Presbiteral. A paróquia legitimamente ereta goza pelo próprio direito de personalidade jurídica (c. 515 § 3); (Cf. PRISCO, José San José, Derecho Parroquial, Guía Canónica y Pastoral, Ed. Sigueme, Salamanca, 2008).

A igreja do Convento da Graça ou, mais simplesmente, a igreja da Graça é, atualmente, sede de duas paróquias: a Paróquia da Graça (desde 31 de Maio de 1835) e a Paróquia de São Vicente de Fora (desde 6 de Julho de 2011).

Por sua vez, estas atuais paróquias já incluem outras que, por contingências históricas, se extinguiram. A saber:

  1.  Na Paróquia da Graça (Paróquia de Santo André e Santa Marinha à Graça) estão contidas:

    1.1. A Paróquia de Santo André (cuja igreja paroquial se situava no atual Largo de Santo André e ficou em ruínas com o terramoto de 1755);

    1.2. A Paróquia de Santa Marinha [do Outeiro] (cuja igreja se situava no Largo de Santa Marinha e foi demolida em 1845);

  2. Na Paróquia de São Vicente de Fora estão contidas:

    2.1. A Paróquia de São Vicente de Fora (antes sediada na igreja do mosteiro de São Vicente de Fora, que foi construído tempos depois da reconquista de 1147 e totalmente reconstruído em 1605);

    2.2. A Paróquia de São Tomé (cuja igreja foi demolida em 1839 e se situava perto das atuais Escadinhas de São Tomé);

    2.3. A Paróquia de São Salvador [Senhor Jesus da Boa Morte] (cuja igreja estava localizada nas ainda existentes instalações do Convento do Salvador, em Alfama, no Largo do Salvador).

Deverá ainda acrescentar-se que estas duas últimas paróquias, antes de serem anexadas a São Vicente, estiveram já sediadas na Igreja do Menino Deus.

Depois da reconquista, entre 1147 e 1242, os frades da Ordem de Santo Agostinho estabelecem-se no sopé do Monte (em cujo cimo está hoje a Igreja de São Gens e da Senhora do Monte) na zona que atualmente chamamos das Olarias. Aí foi construído o seu primeiro Convento. Em 1243 os mesmos Agostinhos mudaram-se para o cimo do Monte onde vêm a experimentar dificuldades relacionadas com as condições atmosféricas próprias daquela zona. Em 1271, com a ajuda da generosidade de D. Afonso III e do povo de Lisboa, começa a construção do convento, na zona em que ainda hoje o temos, e que, naquela altura, se chamava de Almofala. (cf. História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Tomo I, Lisboa, 1950; pp. 109-143.)
Posto isto, permitimo-nos destacar algumas datas marcantes da vida do Convento da Graça:
– Em 1362 é recebida a Imagem de Nossa Senhora da Graça, retirada do mar de Cascais pelos pescadores e solenemente trazida pelos fiéis;
– Em 1586 tem lugar a instituição da Irmandade de Vera Cruz e Passos de Cristo, por Luís Álvares de Andrade, paroquiano de São Nicolau e pintor régio;
– Em 9 de Março de 1566, dado que a Igreja ameaçava ruína, é lançada primeira pedra de uma nova construção, que é inaugurada nove anos depois, ou seja, em 1575;
– No dia 1 de novembro de 1755 o terramoto provoca a derrocada parcial da igreja, arruinando a capela-mor, o teto do cruzeiro, as capelas do transepto, o teto da nave, o santuário das relíquias e a parede a que ele se encostava na sacristia, e parte da parede da fachada;
– Em 1770 a igreja, o edifício que hoje se mantém, encontra-se em reconstrução, sendo as obras dirigidas por Caetano Tomás de Sousa e Manuel Caetano de Sousa;
– Em 1834 dá-se a extinção das ordens religiosas; a igreja, a sacristia e a casa do capítulo são entregues à Irmandade do Senhor dos Passos e o Regimento de Infantaria 10 é instalado em parte da zona conventual;
– Em 1835 a igreja do convento torna-se igreja paroquial das freguesias de Santo André e Santa Marinha; (cf. http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=5881 consultado em 17 de novembro de 2023)
– No 20 de Novembro de 1978, através de um “Auto de devolução e cessão simultâneas” foi promovida a cessão à Fábrica da Igreja Paroquial da Graça “do Grande Claustro, Sala e Capela do antigo Convento da Graça”.

Durante o cerco a Lisboa, em 1147, D. Afonso Henriques fez uma promessa: caso conseguisse conquistar a cidade mandaria erguer um mosteiro dedicado a São Vicente, um santo muito venerado entre os moçárabes. Esse mosteiro foi fundado no mesmo ano, do lado de “fora” das muralhas da cidade e assim se justifica a toponímia do edifício. Mais tarde, em 1580, dava-se início à Dinastia Filipina, cuja grande obra deixada foi a reconstrução do Mosteiro de São Vicente de Fora. Este projeto teve como principais arquitetos Filippo Terzi, Juan Herrera e Baltazar Álvares, e é considerada a primeira grande construção Maneirista em Portugal, que serviu de modelo a outras edificações religiosas.
No entanto, foi nos faustosos reinados de D. Pedro II e D. João V (séculos XVII e XVIII) que se aplicou o rico recheio artístico decorativo que se pode observar atualmente, nomeadamente os mármores embutidos e os painéis de azulejos.
O Mosteiro esteve ocupado por cónegos da Ordem Regrante de Santo Agostinho, desde a sua fundação até 1834, data da extinção das ordens religiosas. Neste período destaca-se a passagem de Santo António pelo Mosteiro, local onde viveu os seus primeiros tempos enquanto monge. No século XIX passa a pertencer ao Estado e nele é instalado o Liceu Gil Vicente, entre outros serviços estatais.
No presente, o Mosteiro de São Vicente está intimamente ligado ao serviço do Bispo de Lisboa. Partilhando o seu Orago – São Vicente – com o Patriarcado de Lisboa, atualmente o edifício alberga os serviços da Cúria diocesana e é o local onde o Cardeal Patriarca de Lisboa governa a Diocese e acolhe aqueles que o procuram. Para além da Cúria, serviços administrativos e Tribunal Patriarcal, o Mosteiro alberga também um espaço museológico que procura registar os momentos mais importantes da história e do legado do Patriarcado de Lisboa. (Cf. https://mosteirodesaovicentedefora.com/origem-e-historia-do-mosteiro/ consultado em 17 de novembro de 2023)

Com a área da freguesia civil da Graça, delimitada por uma linha assim definida: Partindo do Largo de Rodrigues de Freitas, segue, para noroeste, pelo eixo da Calçada de Santo André, até à Rua dos Lagares; continua, pelo eixo desta rua, e prossegue, pelo da Rua das Olarias, até às Escadas do Monte; Inflete para leste, subindo, pelo eixo destas escadas até à Rua de Damasceno Monteiro, cujo eixo acompanha, no sentido norte, até ao n° 72, inclusive; desvia-se, novamente, para leste, de forma a excluir (em favor da paróquia de Nossa Senhora dos Anjos) as casas que têm acesso pelas escadinhas e beco que ficam a noroeste do Miradouro da Senhora do Monte; segue, para norte, pelo eixo da Travessa das Terras do Monte (cujos prédios de numeração ímpar ficam todos incluídos nesta paróquia), e continua, pelas traseiras dos prédios do lado oriental da Rua de Damasceno Monteiro (n.ºs 74 e seguintes, que pertencem à paróquia de Nossa Senhora dos Anjos), até encontrar a Rua de Angelina Vidal, entre os prédios n.ºs 29 e 31 (ficando o primeiro a pertencer a esta paróquia); sobe pelo eixo da Rua de Angelina Vidal, passa pelo largo vulgarmente chamado da Cruz dos Quatro Caminhos, acompanhando, depois, o eixo da Rua dos Sapadores, até ao seu cruzamento com a Rua do Vale de Santo António; daí deriva para sul, continuando pelas traseiras dos prédios do lado oriental da Rua da Bela Vista, até ao n.° 76, inclusive, abrangendo o Refúgio da Tutoria da Infância, que limita, pelo oriente, a paróquia; da esquina sul da Tutoria da Infância segue, em linha reta, até à Rua do Dr. Jorge Leite de Vasconcelos, junto ao respetivo prédio com o n.° 44 (excluindo-o); com a direção oeste, avança, pelo eixo da última das citadas ruas, até à Rua da Senhora da Glória, por cujo eixo continua, para sul, até à Rua da Verónica; inflete para oeste, seguindo, pelo eixo da Rua da Verónica, até ao quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros, no Largo da Graça; tomando a direção sul, passa entre as instalações do mencionado quartel e as do Liceu Gil Vicente, contornando, depois, pelo lado ocidental, este liceu, na parte que confronta com as traseiras dos prédios do troço norte da Rua da Voz do Operário; alcança esta rua a sul do prédio com o n.° 22 (pertencendo este e os seguintes com os números pares a esta paróquia e os que têm os n.os 2 a 20 à de S. Vicente, S. Tomé e Salvador), continuando, por cerca de 50 m, para noroeste, pelo respetivo eixo, até ao cruzamento com a Travessa de S. Vicente; prossegue, para oeste, cerca de 80 m, pelo eixo da dita travessa, de forma a rodear, pelo norte, o edifício da Sociedade A Voz do Operário; deixa a Travessa de S. Vicente, onde ela forma cotovelo, para contornar, pelo norte, a Cadeia das Mónicas, indo entroncar, a meio comprimento, com a Travessa das Mónicas; desce, pelo eixo desta travessa, contornando, seguidamente o prédio da Rua de S. Vicente com os números 26 a 34 (que pertence a esta paróquia), até à Rua de Santa Marinha; continua, finalmente, para oeste, seguindo pelo eixo desta rua até alcançar, no Largo de Rodrigues de Freitas, o ponto de partida. A sua sede continua na igreja da Graça.

 

Com a área da antiga freguesia civil de S. Vicente de Fora, delimitada por uma linha assim definida: Partindo dos cruzamentos da Travessa de S. Tomé com a Rua de S. Tomé, segue, para norte, pelo eixo da referida rua, até ao Largo de Rodrigues de Freitas; continua em direção à Calçada da Graça e, ao chegar à Rua de Santa Marinha, inflete para leste, seguindo pelo eixo desta rua e continuando, pelo da Rua de S. Vicente, até ao seu cruzamento com a Travessa das Mónicas; inflete para noroeste, subindo pelo eixo desta travessa; a meio dela, inflete para leste, contornando, pelo norte, as instalações da Cadeia das Mónicas e as da Sociedade A Voz do Operário, e atinge a Rua da Voz do Operário, no ponto em que a mesma se cruza com a Travessa de S. Vicente; desce, pelo eixo da Rua da Voz do Operário, cerca de 50 m, até ao prédio com o n.° 22 (excluindo-o) e inflete, para leste, pela linha divisória a sul deste prédio, até atingir a cerca do Liceu Gil Vicente; continua, para norte, torneando, pelo lado ocidental, as instalações deste liceu e passando a sul do quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros da Graça, até atingir a Rua da Verónica; progride, para leste, pelo eixo desta rua, até ao seu cruzamento com a Rua da Senhora da Glória, por cujo eixo prossegue, na direção norte, até se encontrar com a Rua do Dr. Jorge Leite de Vasconcelos; segue, para leste, pelo eixo da última das referidas ruas, até à Rua do Vale do Santo António; inflete para sueste, passando pelo eixo desta rua e continuando pelo da Rua de Diogo do Couto, até à Rua da Bica do Sapato; desvia-se para sudoeste, avançando, pelo eixo da Rua da Bica do Sapato, pelo da Rua dos Caminhos de Ferro e pelo Largo dos Caminhos de Ferro, até à Calçada do Forte; segue, para noroeste, pelo eixo desta calçada e, na mesma direção, pela Calçada do Cascão, até à secção de finanças que fica no topo; inflete para sudoeste, de forma a contornar, pelo sul e poente, o edifício desta secção e o da Fábrica de Fardamentos do Exército, até atingir o Largo do Outeirinho da Amendoeira; continua para oeste, passando pelo lado sul do Largo do Sequeira; sobe, pelo eixo da Calçada de S. Vicente, até ao seu cruzamento com a Rua das Escolas Gerais; acompanha, sucessivamente para sudoeste e para noroeste, o eixo desta rua, até à Travessa de S. Tomé; sobe, finalmente, pelo eixo da dita travessa, até ao ponto de partida.
A sua sede, outrora na igreja de São Vicente, é, como se disse, desde 6 de Julho de 2011, na igreja da Graça.